segunda-feira, 29 de setembro de 2008

2008 - centenário de morte de Machado de Assis.


Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 — Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1908) foi um romancista, contista, poeta e teatrólogo brasileiro, considerado um dos mais importantes nomes da literatura desse país e identificado, pelo crítico Harold Bloom, como o maior escritor afro-descendente de todos os tempos.
Sua vasta obra inclui também crítica literária. É considerado um dos criadores da crônica no país, além de ser importante tradutor, vertendo para o português obras como Os Trabalhadores do Mar, de Victor Hugo e o poema O Corvo, de Edgar Allan Poe. Foi também um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e seu primeiro presidente, também chamada de Casa de Machado de Assis.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

CORAÇÃO DE POETA


Dizem que é diferente o coração do poeta.

Nunca passei por nenhuma avaliação,

Mas creio que existe uma certa diferença em nosso coração.


Numa hora estamos alegres, radiantes,

Como nossos versos:

Claros, tão brilhantes!


Noutra, estamos tristes, apagados...

Como nossos versos mal traçados.


Coração de poeta é muito sensível !

Dizem que é inadmissível...

Ser como sou.

Mas a poesia sempre me completou.


Coração de poeta é como um vaso que nunca fica vazio;

É como um ser que sorri mesmo morrendo de frio...

Coração de poeta é assim meio tolo, anjo torto,

Se agita... mesmo morto.

Borges Lima (membro da Academia Belojardinense de Letras)

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

LEMBRAR... UM POUCO MAIS!


- Lembrar do calçamento da Rua
João Pessoa;
Da Praça da Estação, um lado só...
- A Siqueira Campos, lama no inverno,
No verão, poeira e dó...
No dia de feira, às segundas e sextas,
No tempo de antigamente, os carros de mão
E os balaieiros sofrendo sob o peso do balaio,
Sem rodilha...


- Lembrar do reizado do capitão
Antonio Marinho,
Do Boi de Duda, saindo do Cruzeiro
Do bairro do Alto Limpo,
Domingo de carnaval...

- Na sexta-feira da Paixão,
Ao som tristonho da matraca,
Nas mãos alegres de Lula Sacristão,
Chamando o povo pró testemunho
Do Cristo Jesus que expirou...

- No domingo gordo de carnaval,
Zé de Carrim desfilando de papangu bolo-de-angu,
No seu famoso vinte e nove/trinta no andar;

Com seu andar travesso de moleque alegre
Pelas ruas da cidade, na folia do folgar
Do frevo rasgado...

- Lembrar do São João, festa da gente
Nas palhoças das praças e das ruas;
Sebastião Ludugero chamando a roseira
Do seu coco mazurcado tradicional;
E Joaquim Sapateiro, chamando a sua mulé danada
"num vá lá!"


- Festa de São Sebastião, com suas bandas
Filarmônica e Cultura Musical...
A vida é dura? Não é não!
Mestre Ulisses e Mestre Zé Vieira
Discursando nos coretos em discussão,

Mas só na música... com o povão!

- Lembrar Sebastião da Relojoaria Primor, na Praça do Abrigo Monte Carlo;
Aluizio Soares da Brilhante, na Praça da Conceição.
Sebastião Andrade, vendendo gás;
Cecílio, açúcar, sal, sabão e bacalhau...
Chico Maciel, da Primavera,
- O português das Casas Costa Oliveira;
Vicente Barbosa, vendendo roupas, tecidos e chapéus
Cury, Prada e Ramenzoni,
A preços de final de ano...


- João Demétrio e sua casa de ferragens;
Seu Euclides, seu gorrinho e a padaria,
No forno a lenha, pão frncês, tareco e bolacha brota;
Zezinho Francklin, com o fubá Régio e o seu café Regente;
Ilídio Santana na sua loja de retalhos de panos e tecidos...

- Júlio Aniceto e Dona Corina,
Da Sapataria Mascote, onde dando no pé, dava no preço!...
Tancredo se Souza, na farmácia;
Dão Gouveia e Dona Etelvina, irmã do enfermeiro do SAMDU, Etemístocles..
Abaeté de Barros Correia, e seus concorrentes.


- Júlio Alves e sua banca de bicho...
Muito temp depois, vem Geraldo Barbosa e monta um
Salão de jogos de luxo... Zé Claudino abriria, no beco da igreja,
Um salão de gosto popular...
Mizael Bezerra Cacalcante, vendia tintas,
E os Torres, cachete e meizinhas, além

Do Regulador Xavier, a saúde da mulher...

- Aníbal Arruda Marinho, com seu bar Escondiinho,
- Freguesia das elites,
Nas cafuas, por trás da igreja.
Tinha também Seu Zé Ramos, do Cine Teatro São Jorge,
Das matinês dos matutos,
Nas segundas, dia de feira...
O Abrigo Monte Carlo, local de ponto de encontro
Dos fazendeiros da região,
Dos pirados e vagabundos,
Das prostitutas e ladrões,

De todas as classes de gente,
Que perambulam por aqui...
- Lembrar... um pouco mais.
Seu Doca e Dona Boa,
O Bar, Restaurante e Hospedaria Vitória,
Onde encontravam-se o Doutor Luiz de França,
Proseando com Oscar Pereira, na calçada, na cadeira,
Na sombra amiga da tarde fresca...


- Bar 2 Amigos... Riva, sim. Elias, não...
E tinham as bombas colossais,
Fabricadas pelo Mestre Varejão.
José Gelcino de Oliveira, o Xarope de toda a região.
Peito de Aço, "gaiganta de alumina",
Jornal velho era a sua especialidade, de vendê-los fora de ocasião...
Tinha Zé Cândido dos secos molhados,
Lá na Praça da Estação,
Lula Ramos, e sua loja "A Graciosa",
Vendendo perfumarias finas e artigos para presentes...


- Havia Dr. Fernando Dias de Abreu, o médico da família
Pobre ou rica, de Belo Jardim, de todas as horas e de todos os momentos;
Zequinha Caravéia, Vicente Lobão,
Seus enfermeiros de ocasião, sempre prontos par atender
Quem quer que fosse.
Severino e Peba, os dois engraxates cadeiras-cativas;
Pedrinho Zanôi, o retratista, detrás das Casas Oliveira;
- O beco por trás da Igreja matriz,
Com seus cegos, seus mulambudos, seus pedintes

Dos restos dos fim de feira,
Da gloriosa segunda-feira, que os tempos não trazem mais
Aos pés da Santa Padroeira!


- Mas vale a pena lembrar!
Lembrar... Só um pouquinho mais!

Gil Morais (membro da Academia Belojardinense de Letras)

terça-feira, 16 de setembro de 2008

VAI ALI EM CONSTANTINO...


Ao rever nossa história, no passado, nossas vidas, numa cidade que sempre recebeu os imigrantes, de braços abertos, sem causar ciúmes aos seus filhos "naturais" , os Belojardinenses de hoje e do amanhã , não poderão esquecer nem fazer que os outros que nascerão mais tarde, esqueçam o português que aqui chegou, dando-nos uma bela lição de vida, lembrando um grande escritor-filósofo, ao perpetuar esta frase: "a vida é curta demais para ser pequena".
"Seu Oliveira", no mundo, ele escolheu Belo Jardim para substituir a terra de Camões, onde ele nasceu, trazendo depois o seu irmão - sobrinho, Aqui, fez sua história, seus momentos de prazer e de glória, dando a Belo Jardim, há 50 ou 60 anos, um visual de comércio bastante do passado mais distante. Era a histórica Portuguesa.
O tempo passou,o mundo se modificou em todos os aspectos, e Constantino manteve o ideal do seu irmão-tio, o amor a Belo Jardim, até maior do que o de muitos que aqui tiveram o seu berço.
E hoje, no mesmo lugar, olhando a Praça da Conceição, no tradicional Beco da Igreja por onde, diariamente, passam centenas de pessoas, pensando na vida e procurando soluções para os impasses, problemas, ideias e outros, aproveitando e pedindo a Deus para iluminá-los no dia-a-dia; ali, permanece a encantadora loja de Constantino, este homem inteligente, ético e grandioso empreendedor, pois ampliou os seus negócios na capital do Leão do Norte e fez um apelo a São Bento para protegê-lo ainda mais e ele proteger São Bento, também.
Nunca, entretanto, abandonou este Belo Jardim, onde fez amor, recebeu amor e amizades, constituiu uma valorosa família Belojardinense, mantendo sua tradição comercial tanto portuguesa como mais "brasileira com certeza" e demonstrando suas admiráveis atitudes morais em toda sua vida; esta cidade do Bitury tem por ele, infinita consideração, imensurável respeito, e eterna gratidão, uma vez que nunca a desprezou nem a esqueceu.
Constantino Maia: Tecidos coloridos, estampados, sedosos, modernos, juntamente com inúmeros artigos de valor renovaram sua loja, enfeitando o comércio da cidade, embelezando os clientes e relembrando a histórica "Portuguesa".

Dulce Ramos (membro da Academia Belojardinense de Letras)

O SARAPATEL DA ZEZA


Segundo Aurélio, sarapatel é uma iguaria preparada com sangue, fígado, rim, bofe, tripas e coração de certos animais,especificamente porco e carneiro, com abundância de molho, e bem condimentada.E por falar em sarapatel, veio-me à lembrança o sarapatel preparado por Josefa Gomes Vieira de Souza, a Zeza de Vavá,maestro da banda Filarmónica São Sebastião, de Belo Jardim.
Conheci Zeza em meados dos anos 70,quando eu, Carmem minha esposa e André meu filho primogênito, morávamos no bairro do Ipsep, no Recife. Fizemos uma grande amizade. Amizade de irmãos.E Zeza foi e continua sendo interessada e muito pelas notícias de Belo Jardim. Ela conheceu Vavá, quando este ainda era soldado músico o Exército, em Socorro, Jaboatão.
Vindo da localidade Chã dos Patinhos em Vitória de Santo Antão para morar com seus pais em terras da Usina Pedrosa, em Cortês, Zeza transferiu-se depois para o bairro de Tejipió, onde estudou no Colégio Dulce Campos.E foi ai ,que conheceu Vavá que morava com Lula Dragão,que também era músico-militar,numa rua defronte do colégio. Vavá não resistiu ao assédio da filha de D.Joana,uma descente de índios e terminaram juntando os chinelos há 46 anos.
Zeza ,desde menina, tinha tendências de mulher prendada.Cozinha bem e sabe receber melhor ainda as visitas em sua casa. Nos eventos caseiros nunca falta o famoso sarapatel, o prato especial que se destacava como o "o melhor da festa".O sarapatel da Zeza não tem segredo nenhum como ela gosta de dizer. É feito com miúdos, sangue, fígado,rim,bofe e coração do porco. Bem condimentado, bem lavado e escaldado em água quente e limão.Leva ainda cominho, pimenta do reino, colorau, sal a gosto, vinagre, alho,cebola, tomate sem pele, coentro,cebolinha, pimentão. Ela passa cerca de duas horas para cortar a banha para temperar o torresmo e essa banha é usada no próprio sarapatel. Ela também tempera o sarapatel com os temperos secos, cominho, colorau, sal, alho e pimenta do reino e coloca no fogo.
Depois, corta os temperos verdes num trabalho que tem a duração de quase 4 horas. Faz mais de 35 anos que eu e minha família convivemos com Vavá e Zeza. E Zeza é para nós como uma autêntica irmã; O sarapatel, nesse caso,representa um elo entre Vavá, Zeza, eu, Carmem, André e agora, Daniela.O resto fica por conta do respeito e da admiração que comungamos com bastante reciprocidade.
O maior segredo do sarapatel da Zeza e que ele é feito com muito higiene e com muito carinho.É servido simplesmente com farinha e limão.E tem umadupla vantagem: não faz mal ao estômago e faz bem à saúde,principalmente a do bolso do convidado.


Bartolomeu Marinho (membro da Academia Belojardinense de Letras)

SABRINA...!


SABRINA esta palavra e nome que encanta o meu ego e coração!
Sonhando com os momentos de pureza e afeto do meu prazer.
No deleito do meu corpo e na fragrância do viver...
Sentenciando-me aos teus desejos amados com tamanha emoção!

Uma palavra de amor no possessivo desejo da alma combina...!
Neste envolvente prazer consentido o sublime da vida conclui;
Sou este ínfimo desejo da carne e desta grandeza que evolui...!
Na grandeza do teu nobre coração onde aqui espero SABRINA!...

No meu leito a dormir e sonhar no despertado do meu envolvimento,
Procuro-te em meu quarto e sinto apenas no vago do meu pensamento...
Onde aqui estou de corpo e alma carente e esta firme espera!

No aconchego do meu leito vazio e na carência do meu coração!
Que ao te ver e desejar como mulher sente-me com tanta emoção!
Que aumenta e segue sem a certeza que em meu peito não libera...!

Diomedes Inácio da Silva (membro da Academia Belojardinense de Letras)