sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

LITERATURA DE CORDEL

A literatura de cordel é um tipo de poesia popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome. São escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola.

HISTÓRIA

A história da literatura de cordel começa com o romanceiro luso-espanhol da Idade Média e do Renascimento. O nome cordel está ligado à forma de comercialização desses folhetos em Portugal, onde são pendurados em cordões, lá chamados de cordéis. Inicialmente, eles também contém peças de teatro, como as de autoria de Gil Vicente (1465-1536).Foram os portugueses que trouxeram o cordel para o Brasil, na segunda metade do século XIX. Hoje muitos folhetos ficam expostos horizontalmente em balcões ou tabuleiros. Embora seja pouco freqüente, também há criações de cordel em prosa. Esse tipo de literatura popular existe também na Sicilia (Itália), na Espanha, no México e em Portugal. Na Espanha é chamada de pliego de cordel ou pliegos sueltos (folhas soltas).E esse ano de 2007 comemora-se os 100 anos da existencia da literatura de Cordel.
Os temas incluem fatos do cotidiano, episódios históricos, lendas e temas religiosos. As façanhas do cangaceiro Lampião (Virgulino Ferreira da Silva, 1900-1938) e o suicídio do presidente Getúlio Vargas (1883-1954) são alguns dos assuntos de cordéis de maior tiragem. É comum os autores criarem seus versos improvisadamente diante de um acontecimento ou uma pessoa que queiram homenagear. As formas variaram pouco ao longo do tempo.
No Brasil, a literatura de cordel é produção típica do Nordeste, sobretudo nos estados de Pernambuco, da Paraíba, Rio Grande do Norte e do Ceará. Costuma ser vendida em mercados e feiras pelos próprios autores. Em outros Estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, é encontrada em feiras de produtos nordestinos. Nos grandes centros, já há impressões mais sofisticadas. Mas de modo geral a produção está em declínio.
Os poetas Leandro Gomes de Barros (1865-1918) e João Martins de Athayde (1880-1959) estão entre os principais autores.
Pelo fato de ser literatura distribuída nas ruas, feiras e botequins, pelo tipo de literatura a que se dedica (essencialmente poesia popular, mas também romances sentimentais) e pelo tipo de linguagem em que circula (bastante simples, com os traços da fala coloquial, e próxima do modo de falar do povo do sertão), a literatura de cordel foi, durante muito tempo, pouco apreciada. Todavia, este tipo de literatura apresenta vários aspectos interessantes e dignos de destaque:

1 - As suas gravuras, chamadas XILOGRAVURAS, representam um importante espólio do imaginário popular;
2 -Pelo fato de funcionarem como divulgadoras da arte do cotidiano, das tradições populares e dos autores locais, a literatura de cordel é de inestimável importância na manutenção das identidades locais e das tradições literárias, contribuindo para a manutenção do folclore nacional;
3 - Pelo fato de poderem ser lidas em em sessões públicas e de atingirem um número elevado de exemplares distribuídos, ajudam na disseminação de hábitos de leitura e lutam contra o analfabetismo;

4 -A tipologia de assuntos que cobrem, crítica social e política e textos de opinião, elevam a literatura de cordel ao estandarte de obras de teor didático e educativo.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

O sonho

O Sonho
Autor: Gil Morais

Tive um sonho.
e nesse sonho, eu tive
a sensação de ver um edifício
com três portas;
E, por cima de cada uma delas
uma janela,
e em cada janela
havia um jarro
e, em cada jarro
uma flor...
A porta central era estreita
sem pintura, sem excessos, digamos séria e discreta;
e na janela,
num vaso de Alabastro
a flor era uma acácia...
A porta da direita era larga
e pintada com uma cor indelével
de muitas matrizes,valores,
e na janela,
num jarrro de porcelana chinesa,
uma rosa perfeita...
A porta da esqueda,também larga
era pintada de btanco angelical,
de longe,visível;
Um branco puro e feliz;
e na janela,
num jarro de cristal finissimamente acabado,
trazido quem sabe da Boêmia,
uma misteriosa flor de liz...
Sentei-me numa pedra,
a um tiro de flecha, do prédio surgido no sonho
imaginando o significado
de tudo aquilo que ia com os olhos da alma,
sem nada entender...
Foi quando surgiu na minha frente
um ancião de dias, de porte imperial,
que me disse, sorrindo um riso sem maldades,
estendendo-me as mãos dinas mas fortes,
dando a idéia de porder, força e sabedoria:
Filho de homem, abre os os teus olhos da alma
e escuta com atenção!
O que vistes em sonho, deve ser realidade!
A flor do meio que é a acácia,
representa a eternidade, a luz e a esperança!
A rosa representa a paz, o amor
é o verdadeiro simbolo da mãe do mestre sabes quem é!
A flor de liz representa
a justiça e a fraternidade no universo
e entre os homens de verdade
através dos tempos e das eras!

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Zé Limeira

Zé Limeira foi o cordelista/repentista mais mitológico do Brasil. Era conhecido como "Poeta do Absurdo". Nasceu no sitio Tauá no ano de 1886 e faleceu no ano de 1954. A cidade onde nasceu , Teixeira, Paraíba, foi o principal reduto de repentistas no século XIX.
Os temas que abordava em suas poesias e repentes eram variados e chegavam, muitas vezes, ao delírio. Pornografia era um tema recorrente, mas Zé Limeira ficou conhecido como "Poeta do Absurdo" por suas distorções históricas, poesias recheadas de surrealismo e nonsense e por neologismos (invenção de palavras) esdrúxulos que criava.
Vestia-se de forma berrante, com enormes óculos escuros e anéis em todos os dedos e saía pelos caminhos de sua vida, cantando e versando.