sábado, 23 de julho de 2011

João Cabral de Melo Neto


João Cabral de Melo Neto nasceu na cidade de Recife - PE, no dia 09 de janeiro de 1920, na rua da Jaqueira (depois Leonardo Cavalcanti), segundo filho de Luiz Antônio Cabral de Melo e de Carmem Carneiro-Leão Cabral de Melo. Primo, pelo lado paterno, de Manuel Bandeira e, pelo lado materno, de Gilberto Freyre. Passa a infância em engenhos de açúcar. Primeiro no Poço do Aleixo, em São Lourenço da Mata, e depois nos engenhos Pacoval e Dois Irmãos, no município de Moreno.

Era atormentado por uma dor de cabeça que não o deixava de forma alguma. Ao saber, anos atrás, que sofria de uma doença degenerativa incurável, que faria sua visão desaparecer aos poucos, o poeta anunciou que ia parar de escrever. Já em 1990, com a finalidade de ajudá-lo a vencer os males físicos e a depressão, Marly, sua segunda esposa, passa a escrever alguns textos tidos como de autoria do biografado. Conforme declarações de amigos, escreveu o discurso de agradecimento feito pelo autor ao receber o Prêmio Luis de Camões, considerado o mais importante prêmio concedido a escritores da língua portuguesa, entre outros. Foi a forma encontrada para tentar tirá-lo do estado depressivo em que se encontrava. Como não admirava a música, o autor foi perdendo também a vontade de falar ("Não tenho muito o que dizer", argumentava). Era, sem dúvida, o nosso mais forte concorrente ao prêmio Nobel, com diversas indicações dos mais variados segmentos de nossa sociedade.


"...E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina."

(Morte e Vida Severina)


XVIII Concurso Nacional de Poesias 2011 - Prêmio Rosália Sandoval


O Folheto Notas Literárias premiará os vencedores do XVIII Concurso Nacional de Poesias - 2011. Prêmio: Rosália Sandoval. Na seguinte ordem de classificação :

1° Lugar: R$:500,00 (quinhentos reais ), diploma, troféu Rosália Sandoval, um livro de um poeta alagoano e um cd de um compositor alagoano.

2° Lugar: Diploma, troféu Rosália Sandoval, um livro de um poeta alagoano e um cd de um compósito alagoano.

3° Lugar: Diploma e um troféu Rosália Sandoval.

Serão atribuídos, a critério da Comissão Julgadora, até seis medalhas Rosália Sandoval - Menções Honrosas.

Tema:
Os temas abordados serão de livre escolha dos poetas.

Inscrição:
A inscrição será efetuada com o recebimento de até 03 (três ) poesias, na aceitação, pelo concorrente, das disposições regulamentares. Inscrição: 01 de janeiro de 2011 até 30 de setembro de 2011.

MAIS INFORMAÇÕES:
Ari Lins Pedrosa
Telefone: (82) 8859-4216
E-mails: ari.pedrosa@ceal.com.br ou ari.lins@bol.com.br

terça-feira, 5 de julho de 2011

SUBSTANTIVO

É a palavra variável que denomina qualidades, sentimentos, sensações, ações, estados e seres em geral.
Quanto a sua formação, o substantivo pode ser primitivo (jornal) ou derivado (jornalista), simples (alface) ou composto (guarda-chuva).

Já quanto a sua classificação, ele pode ser comum (cidade) ou próprio (Curitiba), concreto (mesa) ou abstrato (felicidade).
Os substantivos concretos designam seres de existência real ou que a imaginação apresenta como tal: alma, fada, santo. Já os substantivos abstratos designam qualidade, sentimento, ação e estado dos seres: beleza, cegueira, dor, fuga.
Os substantivos próprios são sempre concretos e devem ser grafados com iniciais maiúsculas.

Certos substantivos próprios podem tornar-se comuns, pelo processo de derivação imprópria (um judas = traidor / um panamá = chapéu).
Os substantivos abstratos têm existência independente e podem ser reais ou não, materiais ou não. Quando esses substantivos abstratos são de qualidade tornam-se concretos no plural (riqueza X riquezas).

Muitos substantivos podem ser variavelmente abstratos ou concretos, conforme o sentido em que se empregam (a redação das leis requer clareza / na redação do aluno, assinalei vários erros).
Já no tocante ao gênero (masculino X feminino) os substantivos podem ser:
•biformes: quando apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino. (rato, rata ou conde X condessa).
•uniformes: quando apresentam uma única forma para ambos os gêneros. Nesse caso, eles estão divididos em:
•epicenos: usados para animais de ambos os sexos (macho e fêmea) - albatroz, badejo, besouro, codorniz;
•comum de dois gêneros: aqueles que designam pessoas, fazendo a distinção dos sexos por palavras determinantes - aborígine, camarada, herege, manequim, mártir, médium, silvícola;
•sobrecomuns - apresentam um só gênero gramatical para designar pessoas de ambos os sexos - algoz, apóstolo, cônjuge, guia, testemunha, verdugo;

Alguns substantivos, quando mudam de gênero, mudam de sentido. (o cisma X a cisma / o corneta X a corneta / o crisma X a crisma / o cura X a cura / o guia X a guia / o lente X a lente / o língua X a língua / o moral X a moral / o maria-fumaça X a maria-fumaça / o voga X a voga).
Os nomes terminados em -ão fazem feminino em -ã, -oa ou -ona (alemã, leoa, valentona).
Os nomes terminados em -e mudam-no para -a, entretanto a maioria é invariável (monge X monja, infante X infanta, mas o/a dirigente, o/a estudante).
Quanto ao número (singular X plural), os substantivos simples formam o plural em função do final da palavra.
•vogal ou ditongo (exceto -ÃO): acréscimo de -S (porta X portas, troféu X troféus);
•ditongo -ÃO: -ÕES / -ÃES / -ÃOS, variando em cada palavra (pagãos, cidadãos, cortesãos, escrivães, sacristães, capitães, capelães, tabeliães, deães, faisães, guardiães).

Os substantivos paroxítonos terminados em -ão fazem plural em -ãos (bênçãos, órfãos, gólfãos). Alguns gramáticos registram artesão (artífice) - artesãos e artesão (adorno arquitetônico) - artesões.
•-EM, -IM, -OM, -UM: acréscimo de -NS (jardim X jardins);
•-R ou -Z: -ES (mar X mares, raiz X raízes);
•-S: substantivos oxítonos acréscimo de -ES (país X países). Os não-oxítonos terminados em -S são invariáveis, marcando o número pelo artigo (os atlas, os lápis, os ônibus), cais, cós e xis são invariáveis;
•-N: -S ou -ES, sendo a última menos comum (hífen X hifens ou hífenes), cânon > cânones;
•-X: invariável, usando o artigo para o plural (tórax X os tórax);
•-AL, EL, OL, UL: troca-se -L por -IS (animal X animais, barril X barris). Exceto mal por males, cônsul por cônsules, real (moeda) por réis, mel por méis ou meles;
•IL: se oxítono, trocar -L por -S. Se não oxítonos, trocar -IL por -EIS. (til X tis, míssil X mísseis). Observação: réptil / reptil por répteis / reptis, projétil / projetil por projéteis / projetis;
•sufixo diminutivo -ZINHO(A) / -ZITO(A): colocar a palavra primitiva no plural, retirar o -S e acrescentar o sufixo diminutivo (caezitos, coroneizinhos, mulherezinhas). Observação: palavras com esses sufixos não recebem acento gráfico.
•metafonia: -o tônico fechado no singular muda para o timbre aberto no plural, também variando em função da palavra. (ovo X ovos, mas bolo X bolos). Observação: avôs (avô paterno + avô materno), avós (avó + avó ou avô + avó).

Os substantivos podem apresentar diferentes graus, porém grau não é uma flexão nominal. São três graus: normal, aumentativo e diminutivo e podem ser formados através de dois processos:
•analítico: associando os adjetivos (grande ou pequeno, ou similar) ao substantivo;
•sintético: anexando-se ao substantivo sufixos indicadores de grau (meninão X menininho).
Certos substantivos, apesar da forma, não expressam a noção aumentativa ou diminutiva. (cartão, cartilha).
•alguns sufixos aumentativo: -ázio, -orra, -ola, -az, -ão, -eirão, -alhão, -arão, -arrão, -zarrão;
•alguns sufixos diminutivo: -ito, -ulo-, -culo, -ote, -ola, -im, -elho, -inho, -zinho (o sufixo -zinho é obrigatório quando o substantivo terminar em vogal tônica ou ditongo: cafezinho, paizinho);

O aumentativo pode exprimir desprezo (sabichão, ministraço, poetastro) ou intimidade (amigão); enquanto o diminutivo pode indicar carinho (filhinho) ou ter valor pejorativo (livreco, casebre).
Algumas curiosidades sobre os substantivos:
Palavras masculinas:
•ágape (refeição dos primitivos cristãos);
•anátema (excomungação);
•axioma (premissa verdadeira);
•caudal (cachoeira);
•carcinoma (tumor maligno);
•champanha, clã, clarinete, contralto, coma, diabete/diabetes (FeM classificam como gênero vacilante);
•diadema, estratagema, fibroma (tumor benigno);
•herpes, hosana (hino);
•jângal (floresta da Índia);
•lhama, praça (soldado raso);
•praça (soldado raso);
•proclama, sabiá, soprano (FeM classificam como gênero vacilante);
•suéter, tapa (FeM classificam como gênero vacilante);
•teiró (parte de arma de fogo ou arado);
•telefonema, trema, vau (trecho raso do rio).

Palavras femininas:
•abusão (engano);
•alcíone (ave doa antigos);
•aluvião, araquã (ave);
•áspide (reptil peçonhento);
•baitaca (ave);
•cataplasma, cal, clâmide (manto grego);
•cólera (doença);
•derme, dinamite, entorce, fácies (aspecto);
•filoxera (inseto e doença);
•gênese, guriatã (ave);
•hélice (FeM classificam como gênero vacilante);
•jaçanã (ave);
•juriti (tipo de aves);
•libido, mascote, omoplata, rês, suçuarana (felino);
•sucuri, tíbia, trama, ubá (canoa);
•usucapião (FeM classificam como gênero vacilante);
•xerox (cópia).

Gênero vacilante:
•acauã (falcão);
•inambu (ave);
•laringe, personagem (Ceg. fala que é usada indistintamente nos dois gêneros, mas que há preferência de autores pelo masculino);
•víspora.

Alguns femininos:
•abade - abadessa;
•abegão (feitor) - abegoa;
•alcaide (antigo governador) - alcaidessa, alcaidina;
•aldeão - aldeã;
•anfitrião - anfitrioa, anfitriã;
•beirão (natural da Beira) - beiroa;
•besuntão (porcalhão) - besuntona;
•bonachão - bonachona;
•bretão - bretoa, bretã;
•cantador - cantadeira;
•cantor - cantora, cantadora, cantarina, cantatriz;
•castelão (dono do castelo) - castelã;
•catalão - catalã;
•cavaleiro - cavaleira, amazona;
•charlatão - charlatã;
•coimbrão - coimbrã;
•cônsul - consulesa;
•comarcão - comarcã;
•cônego - canonisa;
•czar - czarina;
•deus - deusa, déia;
•diácono (clérigo) - diaconisa;
•doge (antigo magistrado) - dogesa;
•druida - druidesa;
•elefante - elefanta e aliá (Ceilão);
•embaixador - embaixadora e embaixatriz;
•ermitão - ermitoa, ermitã;
•faisão - faisoa (Cegalla), faisã;
•hortelão (trata da horta) - horteloa;
•javali - javalina;
•ladrão - ladra, ladroa, ladrona;
•felá (camponês) - felaína;
•flâmine (antigo sacerdote) - flamínica;
•frade - freira;
•frei - sóror;
•gigante - giganta;
•grou - grua;
•lebrão - lebre;
•maestro - maestrina;
•maganão (malicioso) - magana;
•melro - mélroa;
•mocetão - mocetona;
•oficial - oficiala;
•padre - madre;
•papa - papisa;
•pardal - pardoca, pardaloca, pardaleja;
•parvo - párvoa;
•peão - peã, peona;
•perdigão - perdiz;
•prior - prioresa, priora;
•mu ou mulo - mula;
•rajá - rani;
•rapaz - rapariga;
•rascão (desleixado) - rascoa;
•sandeu - sandia;
•sintrão - sintrã;
•sultão - sultana;
•tabaréu - tabaroa;
•varão - matrona, mulher;
•veado - veada;
•vilão - viloa, vilã.

Substantivos em -ÃO e seus plurais:
•alão - alões, alãos, alães;
•aldeão - aldeãos, aldeões;
•capelão - capelães;
•castelão - castelãos, castelões;
•cidadão - cidadãos;
•cortesão - cortesãos;
•ermitão - ermitões, ermitãos, ermitães;
•escrivão - escrivães;
•folião - foliões;
•hortelão - hortelões, hortelãos;
•pagão - pagãos;
•sacristão - sacristães;
•tabelião - tabeliães;
•tecelão - tecelões;
•verão - verãos, verões;
•vilão - vilões, vilãos;
• vulcão - vulcões, vulcãos.

Alguns substantivos que sofrem metafonia no plural:
abrolho, caroço, corcovo, corvo, coro, despojo, destroço, escolho, esforço, estorvo, forno, forro, fosso, imposto, jogo, miolo, poço, porto, posto, reforço, rogo, socorro, tijolo, toco, torno, torto, troco.
Substantivos só usados no plural:
anais, antolhos, arredores, arras (bens, penhor), calendas (1º dia do mês romano), cãs (cabelos brancos), cócegas, condolências, damas (jogo), endoenças (solenidades religiosas), esponsais (contrato de casamento ou noivado), esposórios (presente de núpcias), exéquias (cerimônias fúnebres), fastos (anais), férias, fezes, manes (almas), matinas (breviário de orações matutinas), núpcias, óculos, olheiras, primícias (começos, prelúdios), pêsames, vísceras, víveres etc., além dos nomes de naipes.

Coletivos:
•alavão - ovelhas leiteiras;
•armento - gado grande (búfalos, elefantes);
•assembléia (parlamentares, membros de associações);
•atilho - espigas;
•baixela - utensílios de mesa;
•banca - de examinadores, advogados;
•bandeira - garimpeiros, exploradores de minérios;
•bando - aves, ciganos, crianças, salteadores;
•boana - peixes miúdos;
•cabido - cônegos (conselheiros de bispo);
•cambada - caranguejos, malvados, chaves;
•cancioneiro - poesias, canções;
•caterva - desordeiros, vadios;
•choldra, joldra - assassinos, malfeitores;
•chusma - populares, criados;
•conselho - vereadores, diretores, juízes militares;
•conciliábulo - feiticeiros, conspiradores;
•concílio - bispos;
•canzoada - cães;
•conclave - cardeais;
•congregação - professores, religiosos;
•consistório - cardeais;
•fato - cabras;
•feixe - capim, lenha;
•junta - bois, médicos, credores, examinadores;
•girândola - foguetes, fogos de artifício;
•grei - gado miúdo, políticos;
•hemeroteca - jornais, revistas;
•legião - anjos, soldados, demônios;
•malta - desordeiros;
•matula - desordeiros, vagabundos;
•miríade - estrelas, insetos;
•nuvem - gafanhotos, pó;
•panapaná - borboletas migratórias;
•penca - bananas, chaves;
•récua - cavalgaduras (bestas de carga);
•renque - árvores, pessoas ou coisas enfileiradas;
•réstia - alho, cebola;
•ror - grande quantidade de coisas;
•súcia - pessoas desonestas, patifes;
•talha -lenha;
•tertúlia - amigos, intelectuais;
•tropilha - cavalos;
•vara - porcos.
Substantivos compostos:

Os substantivos compostos formam o plural da seguinte maneira:
•sem hífen formam o plural como os simples (pontapé/pontapés);
•caso não haja caso específico, verifica-se a variabilidade das palavras que compõem o substantivo para pluralizá-los. São palavras variáveis: substantivo, adjetivo, numeral, pronomes, particípio. São palavras invariáveis: verbo, preposição, advérbio, prefixo;
•em elementos repetidos, muito parecidos ou onomatopaicos, só o segundo vai para o plural (tico-ticos, tique-taques, corre-corres, pingue-pongues);
•com elementos ligados por preposição, apenas o primeiro se flexiona (pés-de-moleque);
•são invariáveis os elementos grão, grã e bel (grão-duques, grã-cruzes, bel-prazeres);
•só variará o primeiro elemento nos compostos formados por dois substantivos, onde o segundo limita o primeiro elemento, indicando tipo, semelhança ou finalidade deste (sambas-enredo, bananas-maçã)
•nenhum dos elementos vai para o plural se formado por verbos de sentidos opostos e frases substantivas (os leva-e-traz, os bota-fora, os pisa-mansinho, os bota-abaixo, os louva-a-Deus, os ganha-pouco, os diz-que-me-diz);
•compostos cujo segundo elemento já está no plural não variam (os troca-tintas, os salta-pocinhas, os espirra-canivetes);
•palavra guarda, se fizer referência a pessoa varia por ser substantivo. Caso represente o verbo guardar, não pode variar (guardas-noturnos, guarda-chuvas).