quinta-feira, 18 de setembro de 2008

LEMBRAR... UM POUCO MAIS!


- Lembrar do calçamento da Rua
João Pessoa;
Da Praça da Estação, um lado só...
- A Siqueira Campos, lama no inverno,
No verão, poeira e dó...
No dia de feira, às segundas e sextas,
No tempo de antigamente, os carros de mão
E os balaieiros sofrendo sob o peso do balaio,
Sem rodilha...


- Lembrar do reizado do capitão
Antonio Marinho,
Do Boi de Duda, saindo do Cruzeiro
Do bairro do Alto Limpo,
Domingo de carnaval...

- Na sexta-feira da Paixão,
Ao som tristonho da matraca,
Nas mãos alegres de Lula Sacristão,
Chamando o povo pró testemunho
Do Cristo Jesus que expirou...

- No domingo gordo de carnaval,
Zé de Carrim desfilando de papangu bolo-de-angu,
No seu famoso vinte e nove/trinta no andar;

Com seu andar travesso de moleque alegre
Pelas ruas da cidade, na folia do folgar
Do frevo rasgado...

- Lembrar do São João, festa da gente
Nas palhoças das praças e das ruas;
Sebastião Ludugero chamando a roseira
Do seu coco mazurcado tradicional;
E Joaquim Sapateiro, chamando a sua mulé danada
"num vá lá!"


- Festa de São Sebastião, com suas bandas
Filarmônica e Cultura Musical...
A vida é dura? Não é não!
Mestre Ulisses e Mestre Zé Vieira
Discursando nos coretos em discussão,

Mas só na música... com o povão!

- Lembrar Sebastião da Relojoaria Primor, na Praça do Abrigo Monte Carlo;
Aluizio Soares da Brilhante, na Praça da Conceição.
Sebastião Andrade, vendendo gás;
Cecílio, açúcar, sal, sabão e bacalhau...
Chico Maciel, da Primavera,
- O português das Casas Costa Oliveira;
Vicente Barbosa, vendendo roupas, tecidos e chapéus
Cury, Prada e Ramenzoni,
A preços de final de ano...


- João Demétrio e sua casa de ferragens;
Seu Euclides, seu gorrinho e a padaria,
No forno a lenha, pão frncês, tareco e bolacha brota;
Zezinho Francklin, com o fubá Régio e o seu café Regente;
Ilídio Santana na sua loja de retalhos de panos e tecidos...

- Júlio Aniceto e Dona Corina,
Da Sapataria Mascote, onde dando no pé, dava no preço!...
Tancredo se Souza, na farmácia;
Dão Gouveia e Dona Etelvina, irmã do enfermeiro do SAMDU, Etemístocles..
Abaeté de Barros Correia, e seus concorrentes.


- Júlio Alves e sua banca de bicho...
Muito temp depois, vem Geraldo Barbosa e monta um
Salão de jogos de luxo... Zé Claudino abriria, no beco da igreja,
Um salão de gosto popular...
Mizael Bezerra Cacalcante, vendia tintas,
E os Torres, cachete e meizinhas, além

Do Regulador Xavier, a saúde da mulher...

- Aníbal Arruda Marinho, com seu bar Escondiinho,
- Freguesia das elites,
Nas cafuas, por trás da igreja.
Tinha também Seu Zé Ramos, do Cine Teatro São Jorge,
Das matinês dos matutos,
Nas segundas, dia de feira...
O Abrigo Monte Carlo, local de ponto de encontro
Dos fazendeiros da região,
Dos pirados e vagabundos,
Das prostitutas e ladrões,

De todas as classes de gente,
Que perambulam por aqui...
- Lembrar... um pouco mais.
Seu Doca e Dona Boa,
O Bar, Restaurante e Hospedaria Vitória,
Onde encontravam-se o Doutor Luiz de França,
Proseando com Oscar Pereira, na calçada, na cadeira,
Na sombra amiga da tarde fresca...


- Bar 2 Amigos... Riva, sim. Elias, não...
E tinham as bombas colossais,
Fabricadas pelo Mestre Varejão.
José Gelcino de Oliveira, o Xarope de toda a região.
Peito de Aço, "gaiganta de alumina",
Jornal velho era a sua especialidade, de vendê-los fora de ocasião...
Tinha Zé Cândido dos secos molhados,
Lá na Praça da Estação,
Lula Ramos, e sua loja "A Graciosa",
Vendendo perfumarias finas e artigos para presentes...


- Havia Dr. Fernando Dias de Abreu, o médico da família
Pobre ou rica, de Belo Jardim, de todas as horas e de todos os momentos;
Zequinha Caravéia, Vicente Lobão,
Seus enfermeiros de ocasião, sempre prontos par atender
Quem quer que fosse.
Severino e Peba, os dois engraxates cadeiras-cativas;
Pedrinho Zanôi, o retratista, detrás das Casas Oliveira;
- O beco por trás da Igreja matriz,
Com seus cegos, seus mulambudos, seus pedintes

Dos restos dos fim de feira,
Da gloriosa segunda-feira, que os tempos não trazem mais
Aos pés da Santa Padroeira!


- Mas vale a pena lembrar!
Lembrar... Só um pouquinho mais!

Gil Morais (membro da Academia Belojardinense de Letras)

Um comentário:

JCordeiro disse...

Obrigado, Prof. Gilvan
Por esta brilhante narrativa. Através dela regressei aos tempos mais felizes de minha vida. Cada frase, cada personagem citado, só uma mente maravilhosa quanto a sua pode resgatar.
Obrigado,

J. Cordeiro_ São Paulo-05/09/2009.