segunda-feira, 14 de abril de 2008

NELSON RODRIGUES

"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico."

Nelson Rodrigues nasceu da cidade do Recife - PE, em 23 de agosto de 1912, quinto filho dos catorze que o casal Maria Esther Falcão e o jornalista Mário Rodrigues puseram no mundo. Os nascidos no Recife, além do biografado, foram Milton, Roberto, Mário Filho, Stella e Joffre. No Rio de Janeiro nasceram os outros oito: Maria Clara, Augustinho, Irene, Paulo, Helena, Dorinha, Elsinha e Dulcinha.
Seu pai, deputado e jornalista do Jornal do Recife, por problemas políticos resolve se mudar para o Rio de Janeiro, onde vem trabalhar como redator parlamentar do jornal Correio da Manhã. Em julho de 1916, d. Maria Esther e filhos chegam ao Rio de Janeiro num vapor do Lloyd.
Haviam vendido tudo no Recife para cobrir as despesas de viagem, e tiveram que ficar hospedados na casa de Olegário Mariano por algum tempo. Em agosto de 1916 alugaram uma casa na Aldeia Campista, bairro da Zona Norte da cidade, na rua Alegre, 135, onde a família Rodrigues teve seu primeiro teto na cidade.
Com o autor vivendo seu quarto ano de vida, um fato pitoresco: uma vizinha, d. Caridade, invade a sua casa e diz para sua mãe: "Todos os seus filhos podem freqüentar a minha casa, dona Esther. Menos o Nelson." Como ninguém entendesse a razão de tal proibição, ela afirmou: vira Nelson aos beijos com sua filha Odélia, de três anos, com ele sobre ela, numa atitude assim, assim. Tarado!
Nelson inicia sua carreira jornalística em 29 de dezembro de 1925, como repórter de polícia, ganhando trinta mil réis por mês. Tinha treze anos e meio, era alto, magro e seus cabelos eram indomáveis. Embora fosse filho do patrão, teve que comprar calças compridas para impor respeito aos colegas de redação.
Ali reuniam-se colaboradores ilustres: Antônio Torres, Monteiro Lobato, Medeiros e Albuquerque, Agripino Grieco, Ronald de Carvalho, Maurício de Lacerda e José do Patrocínio. Além desses, havia a turma da casa: Danton Jobim, Orestes Barbosa, Renato Viana, Joracy Camargo, Odilon Azevedo e Henrique Pongetti. Outra figura de A Manhã era Apparício Torelly — Apporely — que mais tarde se autodenominaria "Barão de Itararé" e fundaria seu próprio jornal, A Manha.
O autor impressiona os colegas com sua capacidade de dramatizar pequenos acontecimentos. Especializou-se em descrever pactos de morte entre jovens namorados, tão constantes naquela época.
Romances:
1 - Meu destino é pecar,"O Jornal" - 1944 / "Edições O Cruzeiro" - 1944 (como "Suzana Flag")
2 - Escravas do amor, "O Jornal" - 1944 / "Edições O Cruzeiro" - 1946 (como "Suzana Flag")
3 - Minha vida, "O Jornal" - 1946 / "Edições O Cruzeiro" - 1946 (como "Suzana Flag")
4 - Núpcias de fogo, "O Jornal" - 1948. Inédito em livro. (como "Suzana Flag")
5 - A mulher que amou demais, "Diário da Noite" - 1949. Inédito em livro. (Como Myrna)
6 - O homem proibido, "Última Hora" - 1951. "Editora Nova Fronteira", Rio, 1981 (como Suzana Flag).
7 -A mentira, "Flan" - 1953. Inédito em livro. (Como Suzana Flag).
8 - Asfalto selvagem, "Ultima Hora" - 1959-60. J.Ozon Editor, Rio, 1960. Dois volumes. (Como Nelson Rodrigues)
9 - O casamento, Editora Guanabara, Rio, 1966 (como Nelson Rodrigues).
10 - Engraçadinha: seus amores e pecados, "Companhia das Letras.
11 - Núpcias de fogo, "Companhia das Letras", São Paulo. (como Suzana Flag).
Contos:
- Cem contos escolhidos - A vida como ela é..., J. Ozon Editor, Rio, 1961. Dois volumes.
- Elas gostam de apanhar, "Bloch Editores", Rio, 1974.
- A vida como ela é — O homem fiel e outros contos, "Companhia das Letras", São Paulo, 1992. Seleção: Ruy Castro.
- A dama do lotação e outros contos e crônicas, "Companhia das Letras", São Paulo.
- A coroa de orquídeas, "Companhia das Letras", São Paulo.
Crônicas:
- Memórias de Nelson Rodrigues, "Correio da Manhã" / "Edições Correio da Manhã", Rio, 1967.
- O óbvio ululante, "O Globo" / "Editora Eldorado", Rio, 1968.
- A cabra vadia, "O Globo" / "Editora Eldorado", Rio, 1970.
- O reacionário, "Correio da Manhã" e "O Globo" / "Editora Record", Rio, 1977.
- O óbvio ululante — Primeiras confissões, "Companhia das Letras", São Paulo, 1993. Seleção: Ruy Castro.
- O remador de Ben-Hur - Confissões culturais, "Companhia das Letras", São Paulo.
- A cabra vadia - Novas confissões, "Companhia das Letras", São Paulo.
- O reacionário - Memórias e Confissões, "Companhia das Letras", São Paulo.
- A pátria sem chuteiras - Novas crônicas de futebol, "Companhia das Letras"

Nenhum comentário: