quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

REVISITA AO BAR SAVOY


Voltei para ver outra vez
Aquele mesmo bar e restaurante

Do centro do bairro da Boa Vista,
Na cidade maurícia do Recife.


Logo de início,
Pedi um copo de chopp bem gelado,

Para matar a saudade

De anos e anos sem poder revê-lo.


A distância era grande,
E as barreiras são tantas,
Pois quando ali sentei,

Depois de tanto tempo,
Me pareceu ouvir o poeta versejar:

"São trita copos de chope,
são trinta homens sentados,

trezentos desejos feitos,

trinta mil sonhos frustrados".

Voltei no tempo e no espaço,
E me pareceu um momento
Estar assistindo ao Mauro,
Com um copo de chope na mão,

Declamando esses tão famosos versos...


Não digo isso por mim,

Mas por todos os que lá sentaram

E viveram a época de ouro

Do velho Bar Savoy.

No aconchego daquela casa,

Fiz-me jovem, fiz-me forte

E no cajado da sorte

Recordei o Antenor,
O meu saudoso" Careca"
Um lorde no atendimento.

Luiz, Geraldo, Everaldo,
O índio rei do traçado,

Hoje, eu sei, advogado

Distante de todas essas coisas

Com o seu sorriso de matuto arteiro,

Era um companheiro, enfim.

No exílio, no regresso,

Na entrada, na saída,
Na chegada, na partida,

A saudade me remoe...
Por isso passo em revista

Nessa minha revisita
Meu querido Bar Savoy!

Nesses versos eu revejo

Nossa distante juventude
Quando, com muita saúde

Tomamos porres colossais...


Guardo com muita saudade

Imagens que o tempo não corroe
Por isso, passo em revista
Nessa minha revisita

Meu querido Bar Savoy
Bar Savoy

Bar Savoy de outros tempos

Outros anos, outras datas

Festas, carnavais, passeatas...

Tudo era motivo

Para uma ligeira passada,
Para um papo, com ou sem compromisso

Entre um e outro gole

Nas mesas na avenida espalhadas,

Entre choros, mágoas e risadas

Espalhavam-se os sentimentos

Reencontros, despedidas

Chegadas, vindas e saídas
Um drama em cada vida

Porisso, passo em revista

Minha alegre revisita
Ao meu querido Bar Savoy!


Mas, enganou-se na conta do poeta,

Por conta da singeleza, que era
O Recife daqueles tempos!

Se hoje fosse o Mauro fazer
Aquela poesia então,

Seria mais ou menos assim:

São trinta copos de chope,

Com trezentos homens sentados,

Trezentos desejos feitos,

Trinta mil sonhos frustrados.


O poeta não contava com a
Legião dos desempregados;

A tropa dos desassistidos,

O desfile dos desesperados

A procissão dos andrajos

Morais e espirituais.

Então o texto ficaria assim:

Para cada mil copos de chope,

Haveria mil homens sentados

Cem mil desejos feitos,
Um milhão de sonhos frustrados!!!!




Gil Morais (Recife, 08/03/99) Membro da Academia Belojardinense de Letr
as

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