domingo, 11 de maio de 2008

FERNANDO PESSOA

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "NAVEGAR É PRECISO; VIVER NÃO É PRECISO."
(Navigare necesse; vivere non est necesse" - latim, frase que Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra).

FERNANDO PESSOA, escritor português, nasceu a 13 de Junho, numa casa do Largo de São Carlos, em Lisboa. Aos cinco anos morreu-lhe o pai, vitimado pela tuberculose, e, no ano seguinte, o irmão, Jorge. Devido ao segundo casamento da mãe, em 1896, com o cônsul português em Durban, na África do Sul, viveu nesse país entre 1895 e 1905.


Eu tenho um colar de pérolas
Enfiado para te dar:
As pérolas são os meus beijos,
O fio é o meu pesar.

A Terra é sem vida, e nada
Vive mais que o coração...
E envolve-te a terra fria
E a minha saudade não!

Se ontem à tua porta
Mais triste o vento passou
Olha: levava um suspiro...
Bem sabes quem te mandou...

Entreguei-te o coração,
E que tatos tu lhe deste!
É talvez por estar estragado
Que ainda não mo devolveste...

A caixa que não tem tampa
Fica sempre destampada
Dá-me um sorriso dos teus
Porque não quero mais nada.

Duas hora te esperei
Dois anos te esperaria.
Dize: devo esperar mais?
Ou não vens porque inda é dia?

Dias são dias, e noites
São noites e não dormi...
Os dias a não te ver
As noites pensando em ti.

Teus brincos dançam se voltas
A cabeça a perguntar.
São como andorinhas soltas
Que inda não sabem voar.

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